Oct 5, 2008

Igreja e Política

Hoje é dia de eleição, festa para a nossa neo-democracia e quase liberdade de expressão que temos em nosso país.
E hoje infelizmente tive que justificar minha ausência ao meu voto para as eleições deste ano, pelo menos para o 1. turno.
Infelizmente, pois sinto me tolhido do direito de exercer meu direito à uma cidade melhor, à um lugar melhor, à uma vida melhor, única e exclusivamente por não estar presente em meu colégio eleitoral.
Com tanta tecnologia disponível nestes tempos de revolução digital, seria muito simples eu poder votar aqui no Rio Grande do Sul em um prefeito para São Paulo por exemplo. Basta querer e integrar os sistemas. E todo o Brasil assim exerceria seu direito ao voto podendo estar em qualquer lugar, do Iapoque ao Chuí. Um dia, quem sabe, um dia.

Bom, a questão que eu venho expôr é sobre o papel da igreja enquanto instituição popular em relação à política ou então a má influência que elas exercem, seja apoiando deliberadamente alguém, seja se omitindo.
Existe um programa do canal GNT que chama-se Cilada. E o último episódio desta série foi sobre eleições. Basicamente o personagem principal é um sujeito crítico, politicamente correto, tentando ser um cidadão direito, que reclama e aponta tudo o que está errado. Ou seja, interpretado pela maioria como 'o chato' e eu assistindo à este episódio (assim como outros) me identifico muito com as atitudes ali expostas e a aversão àquilo que não está correto. Cheguei à conclusão que eu sou um chato também. Um chato por querer que tudo funcione e tudo seja direito, honesto e descomplicado, sem jeitinho brasileiro.
Neste episódio, ele mostra a reação de algumas pessoas com a questão política e destaca-se aquela famosa retórica sobre a omissão dos brasileiros para com a política em face de sua inabilidade de saber o que está acontecendo e na mesmisse de achar que nada irá mudar de qualquer jeito, independente da formação ou não política, econômica e social que cada um tem.
Então acaba-se formando um coletivo de milhões de pessoas achando que as coisas jamais irão mudar e tá bom assim.

Após tudo isso, estava pensando nas instituições religiosas e o papel delas na sociedade dentro do âmbito político. 
Eu não conheço todas as igrejas a fundo para emitir uma opinião exata sobre o assunto, mas posso dizer baseado na superficialidade do meu conhecimento para a coisa, que estas não se aprofundam neste tipo de discussão quanto deveriam e eu discordo (pra variar).
Afinal, decisões como esta impactam diretamente na vida de todos nós.
Vou subtrair a questão de que nem a lei de Deus hoje é discutida e pregada como deveria, o que dizer a lei dos homens, mas vou fingir que isto não acontece, que pelo menos no campo espiritual, está tudo bem. Vamos todos para o céu, seguindo as pregações que lá acontecem.

Eu acho que a igreja deveria orientar seus fiéis sobre a importância do voto, a importância de se acompanhar aquele em que nós depositamos nossa confiança e esperança por um amanhã diferente. A política deveria ser uma matéria obrigatória na escola (como foi no passado com OSPB). Ensinar o povo a ter civilidade e saber escolher os seus líderes e mais ainda, cobrar deles depois que eles estiverem lá no poder nos representando.
Discurso velho e batido, eu sei, mas que jamais deve cessar. Eu faço a minha parte, pelo menos durmo com a consciência limpa. Eu cobro e vou atrás daquilo que pode ajudar a tornar o meu meio melhor.

Acho que a igreja poderia ser muito bem uma boa porta, um bom início para um amanhã melhor, visto que ela têm o poder de manipular as massas. Acho que se fosse usada em um bom sentido, teríamos resultados grandiosos. Já que se neste caso, se tem o famoso, 'Deus' mandou, vamos fazer.

Acho que as igrejas deveriam ensinar mais como fazermos o hoje melhor e por consequência podermos colher um futuro melhor. Eu faço a seguinte analogia hoje sobre as igrejas, a vida na Terra é um tumor que está em nós e estamos já condenados à morte. Em vez de nós aproveitarmos a vida, fazendo disto um lugar melhor, estamos acuados em nossos leitos a espera da morte. Ou seja, estamos passivos à tudo, já que pela cabeça de boa parte destes fiéis nossa vida já está condenada, para que tentar fazer algo melhor?
Eu discordo e acho que temos que pegar exemplos de vida aonde pessoas que estavam com seus dias contados, viveram cada um destes dias últimos dias, como nunca, aproveitando cada segundo deles e fizeram desta condenada vida muito melhor que à de muitos com saúde. Viver bem e intensamente 10 anos é muito melhor que 1000 na passividade. Como no filme The Bucket List (Jack Nicholson e Morgan Freeman).

E eu acho que as igrejas podiam seguir esta linha, e porque não? Deus já condenou o mundo? Então façamos que este lugar seja a porta do paraíso, isto depende de nós, da nossa vontade de querer fazer o nosso meio melhor. Bem melhor que sentarmos, ficarmos procurando evidências no mundo sobre a chegada do Senhor e ficarmos aqui, olhando para a janela esperando Jesus surgir no meio das nuvens e irmos embora. Se é para ser assim, paremos de trabalhar, comer, viver, evangelizar. Se já sabemos o fim do filme, para que continuar assistindo?

Vivamos hoje como se fosse o último dia, pois o amanhã a Deus pertence, mas podemos também fazer o amanhã melhor, fazendo o bem hoje. Leis da física, ação e reação.

E a política está no meio disso, pois nossa vida depende dela, são eles (politicos) que traçam o destino de nossas cidades, estados e país. São eles que vão propiciar ou não um lugar mais digno, melhor e mais justo para nós vivermos e mais importante, somos nós que colocamos estes para decidirem por nós. Então indiretamente somos nós, através deles que fazemos isto aqui ser bom ou ruim.
O povo tem os polítcos que merecem e não o contrário. Pois se temos políticos corruptos, ladrões e desonestos, fomos nós que deixamos que isto acontecesse.

Pensem bem, a gente pode mudar, se a gente quiser. Para isto que serve o livre árbitrio.

Deus os abençõe.